domingo, 20 de janeiro de 2019

Rasguei a alma em partes iguais

Rasguei a alma em partes iguais, desejei mais que tudo deitar fora o que não gostava, e era eu que partia, era metade de mim que deixava. Lembro-me dos resgates, por aqui, por ali, em qualquer parte, sempre que o vazio me enchia, sempre que a solidão me dominava, ou quando a injustiça chegava. Lembro-me bem das guerras que travava, dos medos que me assombravam, das desculpas, das culpas e do silêncio em que habitava. Os anos passavam, vagarosamente, tanto cheio como vazio, muitas vezes dominado pelo que não se compreendia, tantas vezes de olhos postos num abismo que me rodeava.
No fim penso, quem quero eu enganar? Só pago a despesa que fiz, a palavra tem o valor que lhe quisermos dar, o perdão não significa perdoar, a desculpa não é um lamento e o lamento não é de se lamentar.
O meu corpo caiu por terra desejando abraçar a metade que lá deixara, segui adiante sonhando lá voltar.

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