quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Ponta dos pés

Catalogava memórias, imagens, sons, sensações, sentimentos, fechava os olhos e observava cada momento, alguns não passavam de instantes, outros repetiam-se vezes sem conta enquanto desejava voltar à cena e prender-me.
Era passado, com toda a certeza, eu era passado, do presente ou futuro nada tinha, sinto falta disso.
Quando curei a minha loucura nasceu a minha doença, é verdade, como posso seguir um padrão se não faço parte dele? Finjo, e vocês criam a minha doença. É como o que é correcto ou errado, o que é aceitável ou não, é a barreira entre o sentimento e o carácter, é a arrogância com que não aceito e a humildade com que perdoo.
O que retirava das minhas memórias não era mais que histórias, às vezes só sobravam conversas, coisas tão pequenas que temia esquecer, sabia exactamente onde e quando, o que tinha vestido, que interesse tinha, mesmo que as contasse com um brilho nos olhos.
Mas amava, podia era não saber amar, mas amava as minhas recordações acima de tudo, as minhas vivências, coisas simples, tão simples, que não interessavam a mais ninguém.
É verdade, não somos tão racionais como dizemos ser.
Já ouvi falar que as pessoas devem ser cheias e fica a minha dúvida, se são cheias nada existe para as preencher mais, é uma continuação sem mais nada a acrescentar, vida de Vazio é bom, pode-se encher com o que quiseres.

Via poemas escritos em pontas dos pés, ...

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