sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Carta

Tens tanto direito como qualquer outra pessoa de receber algo que seja feito só para ti, sei que não fazes anos nem nada do género mas estou aqui sentado sem fazer nada e apeteceu-me escrever. Como não sabia sobre o quê veio-me à cabeça uma carta que tentasse, pelo menos, chegar ao teu coração e te fizesse sentir por alguns segundos especial.
É sempre complicado falar sobre as pessoas, ainda mais quando não sabemos mesmo o que escrever, mas existe sempre um assunto que vai servir a todos: o passado. Já viste quantas coisas já fizeste e quantas podias ter feito? Tantas coisas boas e más que ficaram marcadas em ti por choros e risos, deixaste marcas visíveis em ti e nas outras pessoas, por actos pensados ou impulsos.
A vida está sempre a correr e é impossível parar o tempo para que assim possamos pensar, mas podemos nós parar no tempo. Tudo tem uma ordem de ser e outra para acontecer, tudo tem um propósito e não existe nada a fazer. Um dia mais tarde arrependemo-nos pelo que fizemos e pelo que não fizemos.
Olha-te num espelho e diz para ti mesma o que vês tu do outro lado? Será que é aquela pessoa que mesmo quando tudo está mal ainda consegue sorrir só para não mostrar aos outros que não está bem, ou é simplesmente uma pessoa triste e vazia por dentro que gostava de poder ter asas para voar e nunca mais voltar? Voar, voar até perder de vista tudo aquilo que conhece, ir para uma nova terra e começar tudo de novo. Uma nova família, novos amigos, tudo novo, sabendo à partida que ia ser feliz e ter tudo aquilo com que tinha sonhado.
Fecha os olhos e diz em voz alta o que sentes, grita se tiveres vontade mas manda tudo cá para fora, não tem de existir vergonha dentro de nós, até o mais santo cometeu asneiras antes de o ser, errar é humano. Pelo menos é o que dizem, sei que não sou ninguém para dizer o que deves fazer, sou simplesmente um revoltado pelo meio onde nasci, também me escondo dos outros, talvez seja por não fazerem as perguntas certas, não adianta lamentar-me pelo que fiz ou pelo que não fiz, já não vou a tempo, e chorar não adianta apesar de aliviar.
Sei que tudo isto se torna estranho, à medida que escrevo eu próprio deixo de compreender o porquê da vida se complicar conforme crescemos, gostava de ser cego para não poder ver a quantidade de falsidade que existe na rua, como os conflitos entre os demais.
Um dia tudo isto vai ser diferente, já não sei o que posso dizer mais neste pedacinho de papel…
“Por cada dia que passa te vejo mais longe e distante, tudo mudou, já passou!
Disse que te daria o mundo e mesmo assim não o quiseste, já acabou!
Agora está na hora de seguir, mas sozinho, vou!”
Deves-te perguntar o porquê de escrever esta carta, mas eu vou-te tentar explicar de uma forma simples: não tenho nada para fazer e a única forma de ver o tempo a passar é estando ocupado. Devido a não ter imaginação sobre algo abstracto fui a um passado recente para que assim consiga ocupar o meu pensamento. Mas não entres em stress, se conseguires largar uma única lágrima com esta carta quer dizer que os meus desejos foram alcançados, se simplesmente largaste um sorriso quer dizer que ficaste feliz por me ter lembrado de ti.

Mas o mais importante é que te tenhas identificado com o que escrevi.

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