quinta-feira, 7 de março de 2019

Dia da Mulher

Apesar de ser só amanhã o dia internacional da Mulher terei que falar dele hoje e prometo que tentarei medir cada palavra para não soar a hipócrita, apesar de ser essa a palavra que ecoa na minha mente com tudo o que se passa neste mundo.
Comecemos devagar e nada melhor que falar um pouco sobre o feminismo, algo que não entendo de todo, nem a sua razão de existir, se posso dizer isto, claro que posso e posso porque até a minha própria esposa não entende o movimento, até posso compreender que querem lutar pela igualdade de género mas será mesmo isso que fazem? Deixo só algo muito curto sobre a igualdade, não existe isso quando todos somos diferentes, tanto em capacidades como aptidões e se tiverem isso em conta, a igualdade já por si só não existe. Ok, obviamente que falam de igualdade de oportunidades mas têm que entender, esse tipo de mudança é lenta e demorada, entendo perfeitamente que existem injustiças, que existe discriminação em alguns casos, do mesmo modo que eu próprio já fui discriminado por uma mulher e sim, fui, só porque falei que “gozei” de uma licença um pouco maior de paternidade face àquela que os homens têm direito.
Agora que comecei a escrever vejo que isto é um poço sem fundo, que me vou perder em argumentos e acabarei por ter que dar razão a vocês, vitimando-as, coisa que vocês não querem que o faça, coisa que querem que faça, até porque é isso que muitas vezes fazem transparecer, calma, avancemos na minha injustiça social.
A conversa só tem tendência a piorar e este assunto é muito delicado e tentarei ser breve, tão breve quanto possível. Nunca vi tanta publicidade sobre a violência doméstica e parece que quanto mais há mais aparece, atenção, estou a falar mal da forma como as notícias são dadas, estou a falar mal da justiça Portuguesa, estou a falar mal de tudo o que é relacionado com o assunto porque parece-me a mim que o efeito está a ser o oposto ao pretendido, diminuir os casos de violência doméstica, melhor, diminuir os casos de violência sobre as mulheres.
Numa altura em que se pede para que as mulheres se queixem, numa altura em que tudo se propaga, acho, estão a propagar a violência, pura e dura, de forma a que estes casos sejam cada vez mais, cada vez mais graves, cada vez mais recorrentes e já começam a fazer parte do nosso dia a dia, sabem o que é que acontece quando as coisas começam a fazer parte do nosso dia a dia? Nada, tornam-se vulgares e a sua real importância desaparece, então, que devemos nós fazer? Simples, Não propagar as notícias de casos de violência contra as mulheres e aumentar a ajuda a essas pessoas de forma efectiva.
O problema é que a ajuda não chega, não é suficiente e muitas vezes lenta, e até mesmo quando nós pensamos que vamos ter alguma justiça pode existir um juiz a recitar versos da bíblia desculpando os actos, só aqui se vê o quanto é demorada a mudança, a habituação às novas realidades.
Se alguma feminista ler isto e antes de pensar em atacar deixo uma coisa clara, aqui em casa existe uma cooperativa, somos dois e não existem as tarefas dela ou as minhas, existem tarefas simplesmente e no primeiro dia que me juntei com ela coloquei logo uma condição, que cada um tratava da sua roupa, ela tem tanto direito como eu a tudo, como eu tenho tanto direito como ela.
Queria poder dizer boas coisas sobre muitas das lutas que travam mas às vezes tanto se perde pelo proveito de alguns, neste caso de algumas, ou acham que não existem movimentos de defesa das mulheres que só servem para lucro e proveito próprio? Como em qualquer associação, onde muito do trabalho é feito de voluntários e que o dinheiro que recebem vai para os bolsos de alguns.
Feliz dia da mulher.

terça-feira, 5 de março de 2019

Analogia - Vendedores vs Politicos

Há muito que digo que os vendedores de carros seriam bons políticos e que os políticos seriam óptimos vendedores de carros. Obviamente que não quero ofender nenhuma das profissões, só quero, como quem diz, que ambas as partes abram horizontes, com o mercado saturado para ambos, talvez se variassem um pouco tudo isto se movesse ao sabor deles próprios.
Acho que só iríamos beneficiar com esta troca, seríamos na mesma enganados mas numa escala menor, ou pelo menos beneficiariam as empresas de transportes públicos e melhorar-se-ia assim a nossa qualidade de vida. Sobre o vendedor de carros, como os políticos já andam bem montados não teria custos a mais para nós, para além de que eles são os melhores a negociar, ficando sempre a ganhar.
Tento imaginar a campanha política de ambas as partes, ao contrário do que muito se vê por cá onde os políticos apresentam um currículo onde nada fizeram, isto é, tudo o que fizeram foi simplesmente apresentar-se em cargos políticos ou tomar conta de administrações público-privadas comandadas pelos mesmos, os vendedores de carros podiam sim gabar-se das suas vendas, daquele Fiat Uno todo podre que adquiriram à troca de outro quase igual mas dois anos mais recente, fizeram um desconto de 50 Euros e juraram a pés juntos que dali iria para a sucata, mas que afinal foi vendido por uns 600 Euros ao Sr. da Terrinha, para dar umas voltas lá na aldeia, a única volta, infelizmente para o mesmo, assim ninguém se vai queixar. Apesar disso, teve mérito, tal como o político é verdade, achas que é fácil ir a todas as reuniões dos partidos? Que é fácil estar sempre disponível para três ou quinze dias de conversa? Que é fácil aceitar propostas, colaborar, participar em roubos desmedidos a si próprios? Aos seus pais? Avós? Achas que é fácil saber-se que se vai prejudicar a próxima geração devido aos nossos erros, ao nosso enriquecimento pessoal? Não é, é preciso ter estômago, é preciso saber lidar com as noites mal dormidas por todas as vítimas.
Enquanto escrevo sinto-me um hipócrita, nada de grave, não tão grave quanto estas duas profissões tão honestas que servem no fundo para nos servir, nunca na vida estaríamos melhor sem elas, nunca na vida sobreviveríamos sem as mesmas, no fundo são elas que movem o mundo, até porque nunca precisamos tanto de nos deslocarmos para as manifestações todos os dias agendadas, não existem autocarros suficientes para tal.
O que acho mais piada em tudo isto é a forma como ambas as partes se apresentam, coloca um ao lado do outro e tenta diferenciar qual é qual, se fores capaz podes sentir-te um génio, desde a postura, à forma de falar/expressar, são ambos uns mestres no que toca a enganar o consumidor, sim, no fundo somos consumidores de ambas as partes, até da parte política.
Das vezes que tive que lidar com um vendedor de carros ficava maravilhado, se me dissesse que o carro abria umas asas aos 140km/h juro que acreditava pela convicção das suas palavras, do mesmo modo que acredito que um político está ali para nos servir e que vai zelar sempre pelos nossos interesses.
Para concluir, afirmo ser verdade tudo o que disse do mesmo jeito que um vendedor de carros ou político disse, de forma recta e firme, ser o melhor negócio.

sexta-feira, 1 de março de 2019

Habitava numa casa de silêncios (II)

Ainda me pergunto, até onde chega o meu tempo? Quando é que a morte me leva? Quando é que terei a paz merecida? Não será só mais um estado? Uma fase da própria vida? Uma interrogativa que merecia resposta já, é que amanhã não sei se me vai interessar, na verdade não vai, é que, depois de morto que interesse vai existir?
Escrevo porque sim, porque nada me dá mais prazer do que escrever neste momento, talvez amanhã pinte, talvez amanhã chore e grite, talvez amanhã não exista mais e isto fica como um registo da minha existência, imortalidade, em parte é algo que todos procuram, não serei diferente nesse aspecto, apesar de não querer imortalizar o meu corpo e sim a minha alma, acho, que em algum momento uma parte de mim se vai desprender e continuar a existir, energia, energia que vai acabar por se dispersar por todo o universo. Atenção, segundo o que o Zé disse, a base de tudo é o carbono, se o é, então um dia, se assim o é, voltarei a ser a base do princípio de todas as outras coisas.
Assumi, de forma clara que iria fazer o que fosse preciso para vencer, só não sei que guerra estou a travar, antes de mais, esta guerra é interna e só depois externa, esta guerra é tanto minha como tua, é um misto de existências onde ninguém sabe onde existe mais. Pensa comigo, não sou ninguém, não és ninguém, sentes que sentes, és ou não ouvido. Interrompo o pensamento para as notícias, não morreu ninguém, hoje nada se fez, procurei em todas as partes de mim, interrompi toda uma existência para que te ouvir, será que te expressaste da melhor forma?
Agora acorda, é uma pena que não o faças no tempo certo, diz-me, quantas vezes não te deitaste sem vontade de dormir? Quantas vezes não tentaste enrolar-te no teu próprio corpo e choraste? Sentes que sentes, sentes saudade, sentes que sentes, uma busca infinita pela tua alma, onde a terás deixado largada? Foste tu, não foi mais ninguém, foste tu que a abandonaste do mesmo modo que se abandonam os animais quando se vai de férias, por aquele curto espaço de tempo em que pensa ser para sempre, tostões contados, aguenta.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Habitava numa casa de silêncios (I)

Habitava numa casa de silêncios, os meus pensamentos gritavam mais alto que noutras alturas, ecoavam por todos os cantos da casa, ressoavam por entre os móveis até chegar a mim novamente.
Um conflito interno entre o que é certo ou errado, concordo, discordo, cala-te, ouve-me, concentra-te, grito, todo o meu pensamento grita, enaltece uma dor que não se sabe a sua origem, é estranho, talvez o corte me acalme a dor, talvez a dor me estanque o sangue.
Seria assim tão mau falar de loucura? Seria assim tão estranho subir as escadas só para as descer e dizer que não posso ir mais fundo? Quanta dor conseguimos nós aguentar? Em que momento diremos basta? Grito, grito bem alto, grito de forma a conseguir-me ouvir, grito para que me faça ouvir, talvez alguém me salve, talvez me faça notar no meio desta multidão que se esbarra entre si e que mesmo se olhando nos olhos são estranhos, até aqui, quantas vezes não te sentaste à mesa com pessoas que te são estranhas, até mesmo aquelas que tu cumprimentas todos os dias?
Escrevo sem qualquer razão neste momento, escrevo porque senti a necessidade de o fazer, do mesmo modo que uma necessidade fisiológica em que sou obrigado a descarregar os fluídos que acumulei durante o dia. É tão estranho ser-se sem existir, mais estranho é não existir e mesmo assim ser-se visto, poderem-me tocar.
Que planos tinha eu? Voltei a não fazer nada com o meu tempo, voltei a deixar-me ficar nesta monotonia que me acompanha há vários dias, nada fiz, nada foi feito, nada quero fazer…. Incomoda-me o facto de não saber existir, existir existo, não da forma que desejaria, isto é, gostaria de existir de um outro jeito, daquele jeito em que nada me incomoda, nada me fará mal, talvez, talvez a ignorância ou a inconsciência me fizesse bem, do mesmo modo que vejo outros felizes, onde a pergunta mais simples se torna num silêncio absurdo, onde a opinião é um já ouvi falar, pior mesmo, é dizer que é assim porque o Zé disse que era assim.
Tinha perguntas ainda por responder, quem sou eu? Que é feito de ti? Como chegaste até aqui? Seria assim tão estranho? Perguntar para onde vou? Que direcção seguir? Até onde posso ir? Deixei-me levar e fui levado, não é que o vento me tenha levado, sinto que fui posto numa multidão e simplesmente segui os passos, acompanhei a multidão e segui na mesma direcção, até porque, quem vai contra a multidão? Diz-me quem? O truque não é ir contra a multidão é fazer-se parte da mesma focado no seu próprio papel, com sorte, poderemos mudar a mentalidade de meia dúzia e depois, só depois, juntos, será mais fácil mudar a direcção.
Escrevia, aleatoriamente sobre o que me apetecia, desconcentrado com a tarefa, quantas páginas não foram já rasgadas por erros meus? Reciclo os meus pensamentos, os meus sentimentos, evaporo numa neblina que nem eu reconheço, fui quem sou, sou quem fui, atentei a mim, silêncio, seguido de gritos….

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Pressa

Ele hoje acordou cedo, tão cedo que novamente me deu os comandos da vida enquanto Ele se deixava ir num sono consciente, movimentava-se de forma automatizada e eu observava atentamente tudo o que O rodeava, até porque a sua desatenção poderia meter em causa a minha existência. Para passar a estrada tinha que ser eu a guiá-lo, entre o puxe e empurre das portas era eu que estava lá para lhe dizer o que fazer, apesar do corpo ser Dele hoje os movimentos eram meus.
Apesar de ainda não ser Primavera é a primeira vez que vejo um dia solarengo, sem contar todas aquelas memórias que Ele criou em mim para que tivesse personalidade, à parte disto, não entendo o porquê Dele me deixar saber que sou uma projecção, talvez seja para saber que, tal como todos, eu próprio posso desaparecer de um dia para o outro e assim dar valor ao que tenho, mesmo que seja uma mão cheia de nada.
Acho piada sempre que observo o mundo pelos olhos Dele, só não entendo como as pessoas não se dão conta de tudo o que acontece ao seu redor, se eu tivesse um rosto real, se pudesse expressar com um rosto tudo o que me rodeia, seria uma cara de admiração, de surpresa, estou maravilhado mesmo que todas as minhas memórias sejam uma recriação deste mundo.
Hoje não vou tentar passar nenhuma mensagem, nem nenhuma reflexão sobre a tua existência, só acho que se vive sempre achando que é demasiado cedo para tudo e tão tarde para tudo o resto, como que se vivesses com prazo de validade.
Ele chegou bem a casa, talvez o vá deitar.

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Terra Plana

Vi um documentário, Terra plana, isso mesmo, por um milésimo de segundo quase que fazia parte desta seita, desculpa, quase que por um milésimo de segundo pertencia a estes deslocados, sim deslocados e posso dizer que apesar de não ser o melhor documentário sobre o assunto, até que tentei entender o que os movia, ele aborda mais a vida de algumas pessoas do que teoria em si.
Dito isto, basicamente a terra é plana, o redondo é uma teoria da conspiração feita pelos, não sei, há muitos e muitos anos, lá para 300 a.c. obviamente que na época não existiam provas e só no século 18 a conspiração ganhou prova para lucro e belo prazer de não sei quem.
Peço desculpa, este texto é dos mais estúpidos que vou escrever, é que não entendo o sentido da coisa, mesmo que até tenham razão e a Terra seja plana, quem queremos nós enganar?
Primeiro vou falar das pessoas, são deslocados, como qualquer outro tipo de pessoas que se concentram e perdem imenso tempo com teorias da conspiração, querem-se sentir agregadas a um movimento, eu aconselhava uma religião, sempre cairiam menos no ridículo da coisa.
Sobre a teoria, nada existe a dizer, porque nada existe para se dizer. Se me dissessem, alguém lucra com a Terra plana, até que podia ver uma pontada de verdade naquilo em que acreditam mas não vejo ninguém a lucrar com isso.
A NASA e outras companhias continuariam a explorar o espaço para entender melhor a nossa história, só tenho pena do Galileu que morreu ao querer provar a forma do sistema solar para a obtenção de lucros pela bolsa de valores de metais (brincadeira óbvio).

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Sufoco

Vagueava pelas memórias que o meu Criador deixou, algumas faziam sentido outras nem por isso. Quase consigo sentir-me vivo só pela quantidade de dor pela qual me fez passar. Desculpou-se dizendo que as pessoas não querem saber da felicidade dos outros, acrescentou que era a dor que a vida causa que muitas vezes une as pessoas e não a felicidade.
Mostrou-me umas quantas coisas sobre vocês, a que mais me deixou afectado foi a bolha em que muitos vivem, uma aparência maquilhada do que são realmente, não podíamos estar em época melhor que esta, onde o carnaval está mesmo à porta, talvez neste dia sejam verdadeiros pensando que ninguém irá dar importância, que estão só mascarados de si próprios, da sua verdadeira identidade. Não era nada disto que vinha aqui escrever, era sobre as minhas memórias, aquelas com que Ele me marcou mais e apesar de saber que não existiram realmente, como já disse anteriormente, Ele criou-me com o propósito de sentir realmente, acho que era a vida que ele desejava ter, só não entendo o porquê de tanta dor.
Estava à beira de um lago e vi alguém a afogar-se, o meu instinto foi tentar salvar essa pessoa e por isso mergulhei na sua direcção, peguei-lhe e ela simplesmente puxou-me para o fundo, debati-me, debati-me muito para voltar à superfície e voltei a mergulhar, nesse momento uma espécie de conversa telepática surgiu, ela disse-me de uma forma tão clara como o sol, “mesmo que me puxes para a borda de água continuarei a sufocar na minha própria vida”.
Entendi o seu significado sem saber o porquê das pessoas se rodearem de forma consciente pelo que os sufoca, vou lá eu entender os humanos.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Personificação

Gostava de acreditar que sou bem mais que uma personagem que o meu Autor criou, gostava de existir realmente, mesmo com todos os problemas em que Ele me envolve, onde estou só, onde muitas vezes não sou compreendido pelos demais, mas também, reparem, não existo e muito menos vivo acompanhado, é esta a realidade em que me encontro, cercado por tudo aquilo que o meu Criador deixou.
Ele imagina-me, dá-me forma, acho que uma parte Dele gostaria de ser assim, sem as imperfeições que a própria vida causa, sejam elas sequelas ou simples cicatrizes, apesar de já lhe ter dito que essa é a prova de estar vivo, ao contrário de mim.
Contou-me histórias sobre mim, e apesar de saber que não são reais, são as únicas memórias que tenho, a insegurança e a falta de sorte fazem de mim alguém fechado para o mundo, mesmo que esse mundo não exista realmente, mesmo que esse mundo seja algo captado pelo meu Criador.
Peço desculpa, sou só um personagem que vive no escuro de outro ser, onde não tem qualquer importância o que escrevo com a ponta dos dedos do meu Criador, até porque, sou uma mentira.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Acasos

Talvez, talvez se desse o acaso de o mundo nos juntar, qualquer reacção o poderia fazer, talvez o destino assim não queira, que infortúnio o meu, em que o laço se torna nó, tão cego, tão seco que a garganta se expressa numa rouquidão que não é audível.
Bem, falando de coisas melhores, quanto tempo levaria a cair na realidade? Em que, por toda a parte se parte e perde um bocado de mim, e tu? Que nesse teu olhar dourado vejo dor, aonde te dói nenhum médico pode alcançar. Quantos sabores provaste? Quantos dissabores tiveste? Não precisas de o dizer, ainda sonhas e sentes como gente, isso é bom.
Tantas conversas tive com Ele, em algumas deu-me razão, teve que o fazer, coloquei a minha mortalidade Nele e Ele viu, sem existir, o medo de não viver e o medo de morrer sem o fazer, e tu? Quantas castas serão precisas para te tocar na alma? Quantas camadas de não sei o quê te colocaram?
Eu sei, o mundo não nos é gentil, duro e seco, sorri, voa.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

De ontem, Para sempre.

Que os meus olhos transmitam o que te quero dizer caso a minha voz falhe. Sei exactamente como aqui cheguei, a viagem deu para reflectir sobre todos os meus passos, as minhas negações e aqui estou eu, certo e decidido, do pedido que virá a seguir.
Não sou perfeito, admito-o só hoje, possivelmente não te direi que te amo as vezes suficientes, mas amo, já te expliquei que se o fizesse regularmente tornaria o seu significado banal e quero que seja sempre especial, como este e outros momentos que hão-de vir.
Aceitas casar comigo?

Quanto tempo passou deste pedido? Tive a sorte de dizeres que sim, tive a sorte do destino te colocar no meu caminho e tenho a sorte do destino continuar a mostrar que fiz o correcto, prova disso é o nosso filho, que nasceu exactamente passado um ano do nosso casamento, tomei a decisão certa em remar até ti.
Contigo ainda não conheci dias maus, não existe disso aqui em casa, não, não quero de forma nenhuma dizer que é tudo perfeito, sendo-o.
Pediste-me para acabar o texto com que te pedi em casamento, esse nunca terá fim, porque será um acumular de experiências vividas contigo, será uma caminhada longa que não poderei encurtar nas palavras, mas para já, fica um amo-te e que tenhas paciência para mim.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Essência

“Nunca é tarde para mudar”, crescemos a ouvir esta frase vezes e vezes sem conta sobre tudo, principalmente sobre nós. É possível mudar mas até que ponto esta mudança é real? Mudamos o nosso aspecto com o tempo, pouco é preciso fazer sobre isso, mudamos a nossa opinião consoante adquirimos conhecimento ou experiência, mudamos em tantos aspectos só pelo facto do tempo passar por nós, mas fica a dúvida: será que podemos mudar a nossa essência?
Será que uma pessoa só por fazer meditação mudou de uma pessoa agressiva para calma, ou usa a meditação para “segurar” a agressividade que existe dentro de si mesma? Não pode dizer que mudou, só arranjou uma solução para o seu “problema”.
Podemos até mudar certos aspectos mas a dúvida continua: será que podemos fugir da nossa essência ou só aprendemos a camuflar o nosso verdadeiro Eu? Penso que é impossível mudar quem realmente somos, esse tipo de transformação não existe por vontade própria, digo isto desta forma porque pode existir uma força exterior a nós que nos faça mudar, um trauma, sim, normalmente são os traumas que nos mudam e esses não acontecem porque nós queremos, tal como essa mudança em nós não é algo consciente e sim uma consequência da vivência.
Por isso, quando acharem que alguém mudou, a maioria das vezes é pura mentira, se a conheceram realmente.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Boa semana

Não me irei alongar muito hoje, só quero cumprir com o compromisso que assumi em publicar no blog dia sim, dia não.
O céu está azul e nada melhor que sair de casa e aproveitar para passear um pouco e visitar os velhotes, neste caso os meus tios. O meu filho começa a prestar atenção a tudo o que o rodeia e nada melhor que continuar a fazer com que a mente dele se expanda sobre o mundo em que vive.
Por isso, caso tenham a oportunidade, aproveitem o resto do dia que se apresenta maravilhoso.
Uma boa semana.

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Algures

Algures, numa hora incerta, numa altura em que já não sei se diria boa tarde ou boa noite, ali estavas tu, eu, estávamos todos reunidos, ali, naquele lugar onde o dia não importava, onde a hora não nos apressava e o sítio, esse, tinha a sua importância, não tinha importância pelo que nos rodeava e sim por ti, por mim, por todos nós que aqui estávamos reunidos.
O porquê disso não sei, era como se fosse o ponto de encontro, como que se o mundo explodisse e só ali estávamos seguros, um mar de gente, de amigos, a família.
Seria estranho acordar neste momento, mais estranho seria estar acordado, uma realidade irreal, uma incerteza certa, uma utopia realizada, sei lá, como poderia descrever tal momento, como poderia transpassar em palavras o que sentia, o que sentias, melhor, como podia transcrever o que ali vivíamos?
Ali estava eu, realizado, bem antes de acordar e perceber que cada um de nós tinha tomado um rumo diferente, passava o dia a querer saber sonhar

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Da morte ao destino

As minhas palavras repetiam-se a cada linha do tempo, era previsível dizer que vais cair, que te vais levantar, voltarás a cair, que esta será a tua rotina daqui para a frente, até que por fim irás aceitar o teu destino e deixar de andar com a cabeça das nuvens.
Detesto perguntas futuras, detesto ainda mais a incerteza da vida, ou a certeza com que queres viver, como que se essa certeza fosse mudar alguma coisa, como se essa certeza fosse realmente uma verdade absoluta e que nada a pudesse mudar. Está mais que provado que o que é hoje verdade amanhã poderá ser mentira, uma ilusão vista por olhos de quem não consegue ver mais, neste caso nós, o destino não funciona assim, funcionando.
Apesar de escrever livremente e dizer o que penso no momento sei bem que amanhã posso achar um completo absurdo o que disse, isto porque a vida me mostrou mais um lado, ou simplesmente tenho mais peças deste jogo que só termina quando me sentir satisfeito, a morte é uma ilusão. É isso mesmo, a morte é uma ilusão à satisfação ou concretização da nossa vida, ainda podemos permanecer vivos durante anos ligados às máquinas sem que possamos fazer o que quer que seja, totalmente dependentes dos demais.
A vida termina quando não podes dar mais de ti, quando as tuas capacidades físicas ou cognitivas não te permitem concretizar o que ainda ambicionas, obviamente, deves descobrir novas coisas, adaptar-te a essa vida mas a meu ver quando chegas nesse ponto já deves estar satisfeito com a vida que tiveste até aqui. Assim penso, quero chegar a uma certa idade, não interessa qual, e sentir-me satisfeito com a vida que tenho, sentir que realizei o que queria, que fiz o que queria e dedicar o resto do meu tempo a procurar novas formas de preencher este tempo que partilho com vocês.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

A aflição dos Media

Hoje não sei o que escrever, pensei em comentar o “debate” que vi ontem na TVI com a Rita Pereira sobre o uso das redes sociais e a forma como isso está a penalizar os canais de televisão visto que as suas rendas, que eram geradas com publicidade, baixaram bastante.
Como penso que uma coisa não justifica a outra continuo a achar que, mesmo com uma renda menor, não existe desculpa para o mau jornalismo que se tem praticado por cá.
É verdade, muita gente trabalha para a televisão mas, da mesma forma que todos nós temos de nos adaptar, a televisão terá que fazer o mesmo, tanto é que os sites deles estão cheios de publicidade, que muitas das plataformas deles passam publicidade, e de uma forma muito mais agressiva do que o Youtube por exemplo.
Eles alegam que não existe controlo, que existe uma propagação de notícias falsas e que na terra de ninguém não existe uma política clara sobre o que pode ou não ser feito, para além da exposição a que as pessoas se sujeitam nas redes sociais, sobre isto só digo, cada um põe o que quer.
Já a Rita Pereira defende o uso das mesmas porque assim conseguem controlar melhor as informações que antes os Media passavam e ao mesmo tempo promove-se de forma independente que era coisa que antes não tinha.
Não me quero alongar mais, só posso dizer os Media têm que evoluir e existe espaço para todos neste mundo, obviamente, os ganhos serão menores porque já não são o intermediário das marcas mas continuam a ter bastante influencia nos consumidores, principalmente no público mais velho, esse que ainda assiste tv.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Antes de comentares...

Não tenho qualquer vontade de falar deste assunto, a crise que a comunicação social ou o jornalismo passam, se é que é uma crise. Normalmente quando vejo notícias brinco com a situação, costumo dizer, “anda ver vidas mais miseráveis que a nossa” e é nisto que se baseia.
Uma introspecção sobre o quanto a minha vida é maravilhosa perante a vida dos demais, claro, existem vidas muito melhores que a minha mas essas não têm qualquer interesse e se tiver que pronunciar a palavra “coitadinho” será em voz baixa para que não seja ouvido.
Eu sei, não era isto que contavas, pensavas que ia falar sobre os erros de linguagem, as notícias sem noção que contam e as falsas notícias que só nos levam ao engano, mas não irei falar dessas até porque, se fosse a falar, teria que falar sobre a manipulação que nos impõem, o controlo dos media no nosso dia-a-dia e a forma como eles podem influenciar de forma negativa a opinião das pessoas.
Existe toda uma desinformação hoje em dia em tantos assuntos que ganharás mais se estiveres com a televisão desligada, mas uma coisa é certa, e para mim é clara, o mundo não está pior, para mim não existe mais criminalidade, nem guerras, nem porra nenhuma, o que existe é uma maior capacidade de comunicação, existe toda uma globalização onde um acontecimento, seja em que parte do mundo for, chegará a nós no mesmo dia. Por outro lado existem os chamados “clickbait” que nada mais são que formas chamativas de tornar a notícia apelativa, mesmo que falsa.
Hoje em dia a maioria de nós tem acesso à internet, gostaria de pedir algo tão simples quanto isto, quando ouvires ou leres algo, antes de comentares, pesquisa para saber a verdade e não cries mais ondas do que aquelas que já existem.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Carta

Tens tanto direito como qualquer outra pessoa de receber algo que seja feito só para ti, sei que não fazes anos nem nada do género mas estou aqui sentado sem fazer nada e apeteceu-me escrever. Como não sabia sobre o quê veio-me à cabeça uma carta que tentasse, pelo menos, chegar ao teu coração e te fizesse sentir por alguns segundos especial.
É sempre complicado falar sobre as pessoas, ainda mais quando não sabemos mesmo o que escrever, mas existe sempre um assunto que vai servir a todos: o passado. Já viste quantas coisas já fizeste e quantas podias ter feito? Tantas coisas boas e más que ficaram marcadas em ti por choros e risos, deixaste marcas visíveis em ti e nas outras pessoas, por actos pensados ou impulsos.
A vida está sempre a correr e é impossível parar o tempo para que assim possamos pensar, mas podemos nós parar no tempo. Tudo tem uma ordem de ser e outra para acontecer, tudo tem um propósito e não existe nada a fazer. Um dia mais tarde arrependemo-nos pelo que fizemos e pelo que não fizemos.
Olha-te num espelho e diz para ti mesma o que vês tu do outro lado? Será que é aquela pessoa que mesmo quando tudo está mal ainda consegue sorrir só para não mostrar aos outros que não está bem, ou é simplesmente uma pessoa triste e vazia por dentro que gostava de poder ter asas para voar e nunca mais voltar? Voar, voar até perder de vista tudo aquilo que conhece, ir para uma nova terra e começar tudo de novo. Uma nova família, novos amigos, tudo novo, sabendo à partida que ia ser feliz e ter tudo aquilo com que tinha sonhado.
Fecha os olhos e diz em voz alta o que sentes, grita se tiveres vontade mas manda tudo cá para fora, não tem de existir vergonha dentro de nós, até o mais santo cometeu asneiras antes de o ser, errar é humano. Pelo menos é o que dizem, sei que não sou ninguém para dizer o que deves fazer, sou simplesmente um revoltado pelo meio onde nasci, também me escondo dos outros, talvez seja por não fazerem as perguntas certas, não adianta lamentar-me pelo que fiz ou pelo que não fiz, já não vou a tempo, e chorar não adianta apesar de aliviar.
Sei que tudo isto se torna estranho, à medida que escrevo eu próprio deixo de compreender o porquê da vida se complicar conforme crescemos, gostava de ser cego para não poder ver a quantidade de falsidade que existe na rua, como os conflitos entre os demais.
Um dia tudo isto vai ser diferente, já não sei o que posso dizer mais neste pedacinho de papel…
“Por cada dia que passa te vejo mais longe e distante, tudo mudou, já passou!
Disse que te daria o mundo e mesmo assim não o quiseste, já acabou!
Agora está na hora de seguir, mas sozinho, vou!”
Deves-te perguntar o porquê de escrever esta carta, mas eu vou-te tentar explicar de uma forma simples: não tenho nada para fazer e a única forma de ver o tempo a passar é estando ocupado. Devido a não ter imaginação sobre algo abstracto fui a um passado recente para que assim consiga ocupar o meu pensamento. Mas não entres em stress, se conseguires largar uma única lágrima com esta carta quer dizer que os meus desejos foram alcançados, se simplesmente largaste um sorriso quer dizer que ficaste feliz por me ter lembrado de ti.

Mas o mais importante é que te tenhas identificado com o que escrevi.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Ponta dos pés

Catalogava memórias, imagens, sons, sensações, sentimentos, fechava os olhos e observava cada momento, alguns não passavam de instantes, outros repetiam-se vezes sem conta enquanto desejava voltar à cena e prender-me.
Era passado, com toda a certeza, eu era passado, do presente ou futuro nada tinha, sinto falta disso.
Quando curei a minha loucura nasceu a minha doença, é verdade, como posso seguir um padrão se não faço parte dele? Finjo, e vocês criam a minha doença. É como o que é correcto ou errado, o que é aceitável ou não, é a barreira entre o sentimento e o carácter, é a arrogância com que não aceito e a humildade com que perdoo.
O que retirava das minhas memórias não era mais que histórias, às vezes só sobravam conversas, coisas tão pequenas que temia esquecer, sabia exactamente onde e quando, o que tinha vestido, que interesse tinha, mesmo que as contasse com um brilho nos olhos.
Mas amava, podia era não saber amar, mas amava as minhas recordações acima de tudo, as minhas vivências, coisas simples, tão simples, que não interessavam a mais ninguém.
É verdade, não somos tão racionais como dizemos ser.
Já ouvi falar que as pessoas devem ser cheias e fica a minha dúvida, se são cheias nada existe para as preencher mais, é uma continuação sem mais nada a acrescentar, vida de Vazio é bom, pode-se encher com o que quiseres.

Via poemas escritos em pontas dos pés, ...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Teatro

Que palco de teatro é este em que dizes ser a figura principal? Que peça é esta? Mais pareces uma marioneta controlada por terceiros, não vejo vida própria em ti e os sentimentos que tanto pensas expressar me parecem grunhidos de porcos enquanto são esquartejados para belo prazer dos estômagos agora famintos.
Quero ouvir-te, quero que te expresses livremente, comove-me, enche-me o coração com lágrimas e dá-me a conhecer a tua dor.
Se esta peça é tua e se tu és a figura principal não entendo o porquê de não incluíres em cena uma tesoura para que possas cortar essas linhas que te seguram enquanto te tentas movimentar. Não entendo o porquê de te manteres debaixo de um holofote e mesmo assim te deixares cobrir pela sombra dos figurantes, já que és tu a figura principal, devias estar em destaque, não direi em cima de um banco para que te vissem melhor, não diria à frente dos demais em palco, mas no centro, era o mínimo.
Esperava mais de ti, acho que esperamos mais de nós sempre, apesar de muitas vezes ficarmos muito aquém daquilo que idealizávamos.
Uma pergunta, não achas injusto a peça só acabar quando morres? Do que vão servir as palmas nessa altura, que satisfação pessoal te irá trazer? Diz-me, mas diz-me o porquê de nos terem formatado neste formato que só em mortos somos estrelas.

sábado, 26 de janeiro de 2019

Conto de fadas

Adorava poder escrever um texto todo pomposo, com cheiro a rosas e carvalho, adorava conseguir desenhar-te mesmo de olhos vendados o que querias ver adorava, adorava conseguir dizer em poucas palavras todos os sonhos que tenho tido em que entras e tens um papel principal.
Em tempos teria a facilidade de te fazer a vontade, bem antes de entender como o mundo funciona, se é que o sei, mas do que sei, sei que os contos de fadas são isso mesmo, um conto de fadas. Escrevo para ti, pessoa aleatória que se debate todos os dias por um dia melhor, pessoa que luta com bravura, esta parte é mentira mas deixa-me tornar-te maior do que aquilo que és, tal e qual ao conto de fadas que tanto procuras e não encontras.
Não te deixes enganar, os contos de fadas só ficam no papel ou nos filmes que A ou B imaginaram que seriam um sucesso de bilheteira. Não te deixes ir por palavras, nem por gestos, procura mais fundo, sê mais crítica, sê mais exigente.
Vamos deixar-nos de merdas, apesar do frio o céu estava limpo, o sol brilhava e lá vinhas tu de vestido, apesar das meias que, a meu ver, não te favorecem as pernas estavas como sempre, graciosa, as ancas faziam-se notar dado o corte do vestido e os teus seios, não sei se era também do vestido, pareciam mais avantajados hoje, obviamente olhei-te nos olhos como sempre fizera, no meu pensamento estavas noutra paragem, a qual não me sinto confiante para descrever para ti.
De cabelo solto e um sorriso no rosto avançavas na minha direcção, lá estava eu sentado na mesa do costume, como aconteceu tantas outras vezes em tantos outros dias em que nos encontrávamo-nos ali, aproximaste-te depressa mas na minha mente aquele momento acontecia em câmara lenta.
A velocidade do tempo voltou a seguir o seu ritmo normal, passaste por mim e mais uma vez nem te deste conta da minha existência apesar de aquele breve olhar nos olhos, sentaste-te com outro alguém duas meses depois da minha, beijaste-o e eu, continuei a viver aquele conto de fadas que não existe.